quarta-feira, 30 de maio de 2007

PALAVRA

PALAVRA

O saber sagrado das tradições nativas foram passado de geração em geração, através da tradição oral.
Talvez seja por isso que esses povos respeitam tanto o dom da palavra ao reunirem-se em conselho em torno da grande fogueira para compartilhar seus ensinamentos e suas histórias.
No nosso modo de ver, a palavra é um dom que vem direto do Grande Espírito. Por meio dela, nos temos o dom de criar. É através da palavra que nos manifestamos tudo.
Independente da língua que falamos, nosso intento se manifesta por intermédio da palavra. Tudo que sonhamos, sentimos e o que somos é manifestado mediante a palavra.
Ela não é simplesmente um som ou um símbolo escrito. A palavra é o poder que todos nós temos para comunicarmos, expressarmos e pensarmos, criando assim os eventos de nossa vida diária.
A palavra é a mais poderosa de todas as ferramentas que nós possuímos. Através dela pode ser realizada a guerra ou selada a paz.
Devemos ficar alerta para conhecer essa dualidade que existe no dom da palavra, dependendo de como ela é usada, ela pode nos libertar ou nos acorrentar. Não adianta termos esse conhecimento e não sabermos usa-lo com sabedoria.
Devemos dizer apenas aquilo em que acreditamos, procurando usar este poder de nossa palavra na direção da verdade e do amor, como os grandes guerreiros dos povos-vermelhos sempre o fizeram.
Dã Nãho!

terça-feira, 29 de maio de 2007

Palavra... O Canto Divino na Arcádia








As Musas







O Canto Divino na Arcádia



Memória e Rapsódia
A atividade poética
da Idade de Ouro grega, conhecida como Arcádia, se desenvolveu


dentro de uma cultura
pré-letrada e condicionada por um simbolismo de cunho mitológico.





A Poesia Árcade


nos remete à noção do fantástico, do sublime e do divino

em sua forma mais pura.


O Poeta Arcaico se
revestia de um Poder,


que lhe era conferido
diretamente pelos Deuses.



Um Poder que era
inquestionável e intransferível.




A linhagem e a
sucessão de um Rapsodo se verificava através da Arete,


a escolha do mais nobre.




Fílon de Alexandria conta:




... Canta-se em um antigo relato,
imaginado pelos sábios, e transmitido de memória,


como tantos outros, de geração em
geração.



...Quando o Criador concluiu o Mundo,


perguntou a um dos
Profetas,


se havia algo
dentre todas as coisas que haviam sido criadas sobre a Terra,


que ele queria que deixasse de existir.


A resposta foi que tudo era absolutamente
perfeito e completo,


mas que faltava somente
uma,


a Palavra.





O Pai de Tudo escutou esse
discurso,
e aprovando-o,


criou imediatamente a linhagem das Cantoras Plenas de Harmonias,


nascidas de uma das Potências que o
rodeavam,


a Virgem Memória,


que o vulgar,


chama


Mmnemosýne.


A Palavra do Poeta
Arcaico,


tal como se desenvolve na atividade poética,


é solidária a duas
noções complementares:


A Musa e a Memória.


Essas duas Potências Religiosas definem a
Alétheia poética


e sua significação real e
profunda.






Numerosos testemunhos da época clássica
permitem-nos pensar que Mousa significa


a Palavra cantada, a Palavra
ritmada.


Há entre as Musas e a


"Palavra cantada”
uma estreita solidariedade,


que se afirma nos nomes que possuem as
filhas da Memória.



Clio, que conota a glória
das grandes façanhas que o Poeta transmite às gerações futuras;





Thalia à festa, a
condição social da criação poética;



Melpômene e Terpsícore despertam as imagens de música e dança;



Polimnía e Kalíope, a voz potente que dá vida aos poemas.





As Musas eram veneradas em conjunto de
três,muito antes de Hesíodo,


em um santuário muito antigo, situado no
Hélicon,


Eram denominadas


Mélete, Mnéme


e
Aoide.



Cada uma designa um aspecto essencial da
função poética:



Mélete designa a
disciplina indispensável ao aprendizado do ofício de Rhapsodo, ou Aedo.


É a atenção, a concentração,


o exercício
mental.



Mnéme é a função
psicológica que permite a recitação e a improvisação.




Aoide é o produto, o
canto épico.



As Musas recobrem os aspectos da função
poética:


função da organização, função conservadora
e função criadora.






A palavra cantada é inseparável da
Memória,


e na Tradição Hesiódica,
as Musas são filhas de Mnemosýne,


e são elas que fazem o Poeta


“lembrar-se”.



O Estatuto Religioso da Memória,


seu Culto
e sua importância no Pensamento Poético


podem ser compreendidos, ao se considerar
o fato de que, do séc. XII ao séc. IX,


a civilização grega fundava-se sobre
Tradições Orais.





Uma civilização oral exige um
desenvolvimento espetacular da memória


e de técnicas muito precisas.



A Poesia Oral da qual vieram a


Ilíada e a Odisséia,


só podem ser compreendida associando-se a
uma verdadeira mnemotécnica.




Sob a inspiração poética suspeita-se um
lento adestramento


da memória.



Mas a memória do Poeta não é uma função
psicológica orientada como a nossa,


é uma Memória Divinizada,


que não visa reconstruir o passado segundo
uma perspectiva temporal.





A Memória Sacralizada é privilégio de uma
Confraria organizada,


diferenciada do mero poder de recordar,
que possuem todos os indivíduos.





A Memória, é Saber Mântico que se define
pela fórmula:


“o que é, o que será, o que foi.”



O Poeta tem acesso direto, mediante uma
visão pessoal,


aos acontecimentos que evoca;


sua memória permite-lhe


‘decifrar o invisível’,


entrar em contato com o Outro Mundo.





A Memória não é somente o suporte material
da Palavra cantada,


a função psicológica que sustenta a
técnica formular;


é também, e sobretudo, a


Potência Religiosa


que confere ao Verbo Poético seu estatuto
de palavra Mágico-Religiosa.





A Palavra cantada, pronunciada por um
Poeta dotado de um dom de vidência,


é uma Palavra eficaz;


ela institui por virtude própria,


um Mundo Simbólico-Religioso que é o
Próprio Real.





As Musas reivindicam, o privilégio de
“dizer a verdade”.




De fato as musas são aquelas que dizem


‘o que é, o que será, o que foi’;


são as palavras da


Memória.


Pela Potência da Palavra, o Poeta faz de
um simples mortal “o igual de um Rei”,


confere-lhe o Ser, a Realidade,


pois detém o Poder de conceder ou


negar a
‘Memória’.



Isto não significa uma privação da
faculdade de reconstruir seu passado temporal,


mas significa não possuir o Bem Memorial,


privilégio quase sempre concedido aos
vivos.



Ao Mestre do Louvor, cabe a decisão de
condenar ou não
um homem,


a ser oculto sob o Véu da Obscuridade,


fazendo-o fracassar no Silêncio e no
Esquecimento,


ou permitindo que o seu nome brilhe na Luz
Resplandecente.




O campo da Palavra Poética se equilibra
pela tensão de Potências Binárias:


Alétheia = positiva x Léthe=negativa


Quando um poeta pronuncia uma Palavra de
elogio,


ele o faz por Alétheia,e em seu nome,


ele é um


“Mestre da Verdade”.


Sua “Verdade” é sempre assertórica:
ninguém a contesta, ninguém a contradiz.



Diferente de nossa concepção tradicional,


Alétheia não é a
concordância da preposição e de seu objeto,


nem a concordância de um juízo com outros
juízos;


ela não se opõe à ‘mentira’ e não há o
‘verdadeiro’ frente ao ‘falso’.


A única oposição significativa à de Alétheia é o de Léthe.





É surpreendente o contraste que se
estabelece entre o caráter


Todo-Poderoso do Poeta


na Sociedade Grega, desde a época Micênica
até o fim da época Arcaica,


e sua posição na Democracia Clássica.





Na época Arcaica, mesmo após o declínio de
sua função litúrgica,


o Poeta continua a representar para a
aristocracia um personagem todo-poderoso:


é ele sozinho quem concede ou nega o Poder
Memorial que dá a vida.


Em sua palavra os homens se
reconhecem.



Entre os Oráculos, nos quais se praticavam
a adivinhação pelo sono,


o mais célebre é o de


Trofônios em Lebadia.



À entrada do Oráculo estavam as duas
fontes:



Léthe e Mnemosýne,


as duas Potências Religiosas,


que dominam o sistema de pensamento dos
Poetas Inspirados.





A água da primeira fonte permite esquecer
toda a vida humana,




e a segunda deve permitir conservar em
memória tudo aquilo que viu


e ouviu no outro mundo.



Alétheia é também o nome
de uma das nutrizes do grande


Deus Oracular,


Apolo.






No pensamento Arcaico, três domínios se
distinguem:


Poesia, Mântica e
Justiça
,


que correspondem à três funções sociais,


nas quais a palavra desempenhou um papel
importante,


antes que se tornasse uma realidade
autônoma,


antes de ser elaborada pela Filosofia e
pela Sofística, uma problemática da linguagem.




Poetas, Adivinhos e Reis de Justiça tem em
comum o mesmo dom da Vidência,
dispõe do mesmo Poder e recorrem às
mesmas técnicas.




Revelam-se como Mestres da Palavra,


de uma palavra que se define através de
uma mesma concepção da Alétheia.





Num sistema de pensamento em que a
“Verdade” não é um conceito,


Não seria possível dissocia-la do louvor, do relato litúrgico e das funções de soberania,


da qual sempre se constituiu um aspecto,
uma dimensão.




A palavra não constitui um plano do real
distinto dos outros,


definido por qualidades específicas,


mas enquadra-se em um conjunto de
conduta,


para a qual convergem os valores
simbólicos.





A todo momento a linguagem verbal se entrelaça com a linguagem gesticular,


é a atitude do corpo que confere
sua Potência à Palavra.



Uma vez articulada, a Palavra torna-se uma Potência, uma Força, uma Ação.





Se no Mundo Divino, uma decisão é jamais
tomada em vão



e nenhuma Palavra é gratuita,


no Mundo Poético ela tem a mesma eficácia.






Toda a Palavra é fundante,


possui em seu âmago o poder latente de
‘'realizar-se".


Nomear é tornar real, proferir é
fazer viver
.






A Palavra é verdadeiramente concebida como
realidade natural,


uma parte da Phýsis.


Associada às Erínias e as
Chárites


a Palavra está sempre submetida às leis da Phýsis,


à fecundidade e


à esterilidade dos seres vivos.





A Palavra do Advinho e das Potências
Oraculares,


tanto quanto o Verbo Poético delimita um
plano de realidade:


quando Apolo profetiza, ele
“realiza”.


É o domínio do irrevogável e do
imediato
. . .





A Palavra Oracular não é o reflexo
de um acontecimento pré-formado,


mas um dos elementos de sua
realização.





Por assumir uma posição de intérprete da
realidade e guardião da Sabedoria divina,


o Bardo da Tradição Oral


era o personagem mais próximo dos Deuses e sua expressão máxima.





O Som é a cola sensual que une o Natural
ao Sobrenatural.


A Voz do Universo é Som e Ato Criativo.





Todo o ciclo humano deve ser representado
num ciclo interminável de estórias e rituais,


que funcionam como modelos metafóricos da
realidade.



Ritualizar é mantralizar, exprimir
verbalmente o porquê é assim,


e se a narrativa for alterada em quaisquer
detalhes,


a imagem do Universo poderá sofrer um
colapso e a sociedade sentenciada.



Isto explica porque nas culturas de
Tradição oral


o Poeta era o membro mais importante da
comunidade.



Na Irlanda pré-cristã , o Poeta usufruía de condição social próxima ao rei,


com a diferença que reis podiam ser
mortos,


mas a morte de um Poeta era considerada o
pior dos sacrilégios.





Um Poeta talentoso possuia a fama de
arruinar colheitas


e até matar com uma única palavra.




Para atingir tal habilidade sem contar com
sistemas de escrita,


se requeria o desenvolvimento de
habilidades mnemônicas prodigiosas


através de aprendizagem rigorosa.





A crença de que o Poeta conhecia a
etimologia das palavras


e consequentemente seu Poder,


tem eco igualmente na tradição
judaico-cristã,


de que o Universo foi formado e sustentado
por Coros Angelicais,


a Harmonia Universal.



A Palavra Mágico-Religiosa escapa à
temporalidade


essencialmente porque forma um todo com as Forças


que estão para além das forças humanas,


Forças que se apoiam unicamente sobre si
mesmas.





Em nenhum momento a Palavra do Poeta


busca a
concordância dos ouvintes ou o assentimento social.



Na medida em que a Palavra
Mágico-religiosa transcende o tempo dos homens,


ela transcende também os homens:


não é a manifestação de uma vontade ou de
um pensamento individual,


nem a expressão de um agente, de um eu.



A Verdade institui-se então, no
desdobramento da Palavra Mágico-Religiosa,


apoiada na Memória e articulada ao
Esquecimento.






Mas a configuração de Alétheia,


traçada pela oposição fundamental entre
Memória e Esquecimento,


compromete outras Potências que contribuem
para defini-la:


Díke, Pístis e Peithó.



A Justiça é uma modalidade da Palavra Mágica, pois a Díke “realiza”.


No mundo poético Díke não é menos indispensável, pois um elogio se faz com justiça,


quando o Poeta canta um louvor, está
seguindo a via da Justiça.





No Sistema de Pensamento Religioso em que
triunfa a Palavra eficaz,


não há nenhuma distância entre Verdade e
Justiça,


e estão em conformidade com a Ordem Cósmica,


constituindo o instrumento de que ela
necessita.





Pístis revela uma nova dimensão,


é a confiança que vai do homem a um Deus,
ou à palavra de um Deus;


é a confiança nas Musas, fé no Oráculo, e
está intimamente ligada ao juramento.



É paralela à Fides dos
romanos,


correspondendo à noção indo-européia de
credo.





Peithó também é um
aspecto necessário da Alétheia,


e simboliza o Poder de
sedução
.



Por ter ridicularizado a Pístis,
Cassandra
foi privada do poder de persuadir.




É uma deficiência tão grave, que ainda que
sua palavra seja eficaz,


Cassandra parece pronunciar somente
palavras vãs.




Privada de Peithó,


ela está ao mesmo tempo privada de Pístis.



No pensamento mítico Peithó é uma divindade suprema,


tanto em relação aos deuses


quanto aos homens;


tem o poder de fascinar, o sortilégio das
palavras de mel.





Sob a máscara de Thelxinoé ela é uma das Musas,


e sob a de Telxiepeia,
uma das Sereias.



Mas como estas últimas, ela é
fundamentalmente ambivalente: benéfica e maléfica.



A malvada Peithó é inseparável das
“palavras carinhosas”


que são instrumentos de engano, as
armadilhas de Apáte,


e relaciona-se com as potências negativas
que são da mesma espécie de Léthe.


É associada junto a Pothos e
Hímeros
,


a Deusa de sutis
pensamentos,


Afrodite.





Simônides de Ceos,
nascido em 557-556 antes da nossa Era,


marca uma mudança na Tradição
Poética
,


pois foi o primeiro a fazer da Poesia um ofício e receber benefícios por ela.



Ao mesmo tempo situa a função poética a
partir de um novo ângulo:


o esforço de reflexão sobre a natureza da
Poesia.



É a Simônides que a Antigüidade atribui a
famosa definição:


“A pintura é uma Poesia silenciosa e a
Poesia é uma pintura que fala”.



Simônides marcaria o momento em que o
homem grego descobre a imagem.




Ele seria o primeiro testemunho da teoria
da imagem,


ou Mimesis (SETTI, 1958: 78).



A reflexão sobre a Poesia, sua função e
seu objeto próprio,


consuma a ruptura com a Tradição doPoeta
Inspirado,


que diz a Alétheia tão naturalmente quanto
respira.



Toda uma Tradição atribui-lhe a invenção
da Mnemotécnica,


o que significa no plano poético a
colocação em prática de procedimentos de memorização.



Até Simônides, a Memória era um
instrumento fundamental para o Poeta:


função de caráter religioso que lhe
permitia conhecer o passado, o presente e o futuro.



Através de uma visão imediata, através da
Memória,



o Poeta entrava no além,


atingia o invisível.



Com Simônides a Memória torna-se uma
técnica secularizada,


uma faculdade psicológica que cada um exerce mais ou menos segundo regras definidas,


ao alcance de todos.



Não é mais uma forma de conhecimento
privilegiada,


nem como a Memória dos Pitagóricos, um
exercício de salvação;


é o instrumento que contribui para o
aprendizado de um ofício.





No lugar da Mítica
Alétheia,
Simônides reivindica a Doxa.




E retomando as palavras de Platão,


a Retórica é
“uma prática que exige uma alma dotada de penetração e audácia,


e naturalmente, apta para o trato com os
homens”




Exige portanto, qualidades intelectuais
pois desenvolve-se no meio dos assuntos humanos,


onde nada é estável,


mas movediço, duplo e ambíguo.



Produtos de uma mesma cultura política,


a Sofística e a Retórica
desenvolvem técnicas mentais solidárias.



O Sofista aparece como o
teórico que torna lógico o ambíguo,


e que faz desta Lógica o
instrumento próprio para fascinar o adversário,


e seu objetivo, bem como o da Retórica é a Persuasão (Peithó).





O Lógos do Sofista e do
Retórico
fascina, persuade, encanta,


mas não visa nunca, neste plano, dizer a Alétheia.




Aqui também, a antiga relação da Alétheia com a Memória,


como Função Religiosa está definitivamente
rompida.





Por volta do final do século VI a Grécia
vê nascer, em meios particularizados,


um tipo de Pensamento Mágico que é
diametralmente oposto ao dos Sofistas.



Dentre os valores que neste plano de
pensamento continuam a representar, através das renovações de significação o
mesmo papel importante que tinham no pensamento anterior, é preciso pôr em
evidência a Memória e a Alétheia.





Na concepção dicotômica das Seitas
filosófico-religiosas
,


a vida terrestre está gangrenada pelo
tempo,


sinônimo de morte e esquecimento:


o homem está jogado no Mundo de
Léthe
, errante na Campina de Áte.


Para Transcender o tempo humano e se
Purificar do Esquecimento


as Seitas elaboram uma técnica de
salvação,


que constitui uma regra de vida.


Introduzem técnicas Psico-Fisiológicas,


que ao termo da Ascese, apresentar-se-á
diante dos Guardiães da Fonte Memória,


onde beberá a água que irá purifica-lo de
todo traço de temporalidade


e consagrará definitivamente seu estatuto
divino.





Platão assimila parte
desta ‘Lei de Adrastéa’:


..." toda alma que segue a de um Deus,
contempla algumas verdades,


mas quando já não pode seguir, se enche de
vício e esquecimento".





Entretanto, apesar do reconhecimento de
que todas as Criaturas do Mundo Natural


partilham uma Centelha Divina


e aspiram sempre à Visão do Belo, do Bom e
do Justo,


inexiste em Platão a continuidade da Tradição Rapsódica.





Nenhum Poeta jamais cantou


nem cantará o que se eleva acima dos céus
(CAHILL, 1999: 67).



A realidade, sem forma, sem cor,
impalpável,


só pode ser contemplada pela Inteligência,


que é o guia da alma.




E é na Idéia Eterna que reside a Ciência
Perfeita,


aquela que abarca toda a Verdade.



O pensamento de um Deus nutre-se de inteligência e de ciências puras.


O mesmo se dá com todas as almas que procuram receber o alimento que lhes convém.





Por isto uma Lei estabelece que no
primeiro nascimento a Alma


não entra no corpo de um
animal.


Aquela que mais contemplou gerará um
Filósofo, um Esteta


ou um Amante favorito das Musas;



A Alma de segundo grau, irá formar um Rei
legislador,


guerreiro ou dominador;




A do terceiro grau forma um Político,
Economista


ou Financista;




A do quarto grau, um Atleta incansável


ou um Médico;


A do quinto grau, um Adepto de Mistérios;



A do sexto grau, a existência de um Poeta
o
u qualquer outro


produtor de imitações;



A do sétimo grau, formará um Operário ou
Camponês;




A do oitavo grau,


a de um Sofista ou Demagogo;



A do nono grau formará um Tirano (CAHILL,
1999: 71).




O rebaixamento do antigo Poeta Divino à
mero transmissor de cultura


assume em Platão seu ponto mais crítico, e
jamais retomará seu antigo status.





Com o passar dos séculos,


poucos ainda acreditavam que a inspiração
doada pelas Musas fosse algo autêntico,


e a maioria se contentou com imagens
coloridas construídas pelos antigos


para explicar suas Fábulas Mitológicas.




Pelo contrário, os Poetas antigos
acreditavam receber


por meio das Musas,


o segredo com que Zeus ordenava o Universo.



Zeus ensinava a Apolo, este às Musas,


e estas despertavam as Almas delicadas e
insuperáveis dos Poetas.





Estes, cantam aos Deuses porque encarnam
seu Espírito,


são os únicos que podem nomear a
genealogia divina surgida do Caos.



Outra explicação para o privilégio do
Poeta na sociedade Arcaica


é o Mito de Pan:




Pan é o Espírito
Ilimitado da Alma do Mundo
,


que precisa encontrar um limite, uma
medida para manifestar-se,


por isso necessita do homem,


que é limitado.



Mas com a Queda do homem,


o Grande Pan perdeu o
auxiliar imprescindível de sua Arte,



e lhe busca para voltar a expressar-se.





Os verdadeiros artistas e testemunhas do Deus Pan são os grandes Poetas,


pois Pan é filho
de Hermes, o Deus da Palavra.






A Magia é a Criação pelo Verbo,


a Criação dos Poetas,


então,


Pan é o Todo
Corporificado
,


ou seja,


a União do Espírito e do Corpo.




Pan



Mãos e os Frutos
Trazia consigo a graçadas fontes, quando anoitece.Era o corpo
como
um rio
em sereno desafiocom as margens, quando desce.
Andava
como quem
passa,sem ter tempo de parar.ervas nasciam dos
passos,cresciam
troncos dos
braços quando os erguia no ar.





































































sexta-feira, 25 de maio de 2007

LUA AZUL





Prepare-se: este mês tem Lua Azul.



Pra todo mundo ver!

Atenção, tementes aos deuses das forças da natureza. O balé celeste conspira e coisas estranhas poderão acontecer neste mês.



Os lobos inquietos vão uivar e as noites serão mais claras por duas vezes. Distante de nós, a Lua cheia comanda o espetáculo.



É mês de Lua Azul.












O que é Lua Azul?

Chama-se Lua Azul a segunda lua cheia num mesmo mês do calendário gregoriano.
A origem da Lua Azul, foi uma expressão usada desde o século XVI para representar uma Lua cheia especial, perigosa, onde pode acontecer o desatino e a alucinação.
Ao contrário do que o nome sugere, a Lua Azul é associada a perigos e desvario, a desafios emocionais difíceis de viver que requerem humildade e despojamento. É considerada um acontecimento de muita força magnética e poder espiritual, onde acontecem profundas purificações emocionais.






A Lua Cheia do dia 31 de julho






Será acompanhada de uma configuração planetária especial



e com certeza com forte expressão na nossa vida.



A Lua está em conjunção com Netuno.



Mercurio está em oposição com Urano. Júpiter está em quadratura com Vênus



e Plutão. Vênus oposição com Plutão.






Por todos estes aspectos aconselha-se a ficar bem centrado nessa lua cheia



e ser muito responsável com tudo o que se fizer.



Devem evitar-se confrontos e o consumo de bebidas e drogas.






Poderia ser uma lua ideal para trabalhos e rituais de Cura.






Na Mitologia Celta, esta Lua favorece o contato com o Reino Encantado dos seres da natureza.



Invocam-se as Rainhas das Fadas – Aeval,Aine, Aynia, Bri, Creide, Mah e Sin –



e empreendem-se viagens reais ou imaginárias para as “Sidhe”, as colinas encantadas, morada do “Little People”, o Povo Pequeno.



Para agradar as Fadas, os Celtas cultivavam perto de suas casas suas plantas preferidas – calêndulas, verbenas, violetas, prímulas, e tomilho – e deixavam oferendas de mel, leite, manteiga, pão, e cristais nas clareiras onde os círculos de cogumelos denotavam sua presença.






Para favorecer a “visão”, abrindo a percepção psíquica, usava-se Artemísia, em chá ou em infusões para banhos, suco de samambaias ou orvalho passado nas pálpebras, saches de mil folhas e hipericão, invocações mágicas adequadas.






A LUA



Fernando Pessoa (14-11-1931)
A Lua (dizem os Ingleses)



É feita de queijo verde.




Por mais que pense mil vezes




Sempre uma idéia se perde.




E era essa, era, era essa,




Que haveria de salvar




Minha alma da dor da pressa




De... não sei se é desejar.




Sim, todos os meus desejos




São de estar sentir pensando...




A Lua(dizem os Ingleses)




É azul de quando em quando .



A Lua Azul é regida pela Matriarca da 13 Lunação .




Ela é “aquela que se torna a visão”, a guardiã de todos os ciclos de transformação, a mãe das mudanças.




Esta Matriarca nos ensina a importância de seguir nosso caminho sem nos deixar desviar por ilusões que possam vir a interferir em nossas visões.




Cada vez que nos transformamos, realizando nossas visões, uma nova pespectiva e compreensão se abre, permitindo-nos alcançar outro nível na eterna espiral da evolução do espírito.




A última visão a ser alcançada é a decisão de simplesmente SER.




Sendo tudo e sendo nada, eliminamos os rótulos e definições que limitam nossa plenitude.







Celebrando a LUA AZUL.




Para criar uma atmosfera adequada a uma celebração da Lua Azul, use velas e roupas azuis.




Prepare água lunarizada expondo garrafas de vidro azul, cheias de água, aos raios lunares.




Prepare “travesseiros dos sonhos” enchendo uma fronha de tecido azul com flores de sabugueiro, lavanda ou alfazema, hipericão, folhas de artemísia e sálvia.




Imante cristais e pedras azuis como o topázio azul, a safira, o berilo, a água-marinha, o lápiz-lazuli ou a sodalita.




Usando músicas com sons da natureza, como pios de corujas, cantos de baleias ou uivos de lobos, permita que sua criatividade e intuição levem-no/a ao Reino das Fadas ou ao encontro das Deusas Lunares.




Olhe fixamente para a Lua, eleve seus braços e “puxe” a luz da Lua para sua testa, seu coração e seu ventre.
Conecte-se, em seguida, à Matriarca, pedindo-lhe orientação sobre as mudanças necessárias para alcançar uma real transformação.
Permaneça, depois, em silêncio e ouça as mensagens e respostas ecoando em sua mente ou alegrando seu coração.”


quinta-feira, 17 de maio de 2007

A Arte de Passear.

A Arte de Passear

“Navegar é preciso, viver não é preciso”,
diziam os antigos navegadores portugueses.

E, de fato, quinhentos anos depois, não há dúvida de que navegar,
ou viajar, é inevitável.

A ciência moderna demonstrou que viajar é viver.

Porque tudo o que existe, flui num eterno movimento.

O núcleo de cada átomo do universo é como um pequeno Sol
em torno do qual navegam elétrons em alta velocidade.

A nossa galáxia é regida pela lei do movimento.

A própria palavra “planeta”, que vem do grego,
significa “errante” ou “viajante”.

A terra já foi comparada a uma nave espacial,
devido à sua viagem incessante em torno do Sol.

Além disso, o nosso planeta gira em torno do seu próprio eixo,
o que dá origem aos nossos dias e noites.

Parece pouco?

O sistema solar também está em peregrinação.
Ele viaja à velocidade de 960 km por minuto ou 57.600 quilômetros por hora em direção à estrela Vega, a mais brilhante da constelação de Lira.

Felizmente, Vega não está parada.
Ela desloca-se pelo cosmo numa direção e com uma velocidade,
que garante pelo menos uma coisa: ela nunca será alcançada por nós.

A mudança e o movimento – tanto internos como externos – são,
portanto, o estado natural de tudo o que existe.

Qualquer imobilidade ou estabilidade são subjectivas e passageiras.

Permanentes são a transformação e a harmonização
dinâmica das coisas em todo o cosmo.

A cada desarmonia, segue-se uma harmonia maior e mais completa.

Se tudo está em movimento e nada existe fora da dança do universo,
não há motivo para que nós queiramos viver fechados entre
quatro paredes, como se fosse possível existir sem transformar-se.

É só quando perdemos o contato com o ritmo natural da vida,
que o escritório, a fábrica, o apartamento ou a casa
passam a funcionar como modernas prisões,
ricas em recursos tecnológicos.

Segundo o filósofo Karl Gottlob Schelle, viver continuamente em atmosferas confinadas amolece o espírito das pessoas e enfraquece o seu bom senso.

O movimento do corpo não é diretamente uma das condições da vida,
e a sua ausência não desencadeia irremediavelmente a morte…
mas ele é, no entanto, uma condição indireta.
Ele é indispensável para a saúde do corpo
e para o bom funcionamento do organismo”, escreve Schelle.

A solução passa pela simplicidade voluntária.
Basta caminhar regularmente ao ar livre e
conviver com o ambiente natural
para recuperar e manter a vitalidade.

A antiga arte de passear pela natureza rompe os muros invisíveis
da rotina e amplia os nossos horizontes pessoais.

É verdade que essa arte meditativa, nem sempre precisa
ser praticada a pé.
A bicicleta e o cavalo são alternativas admissíveis,
até certo ponto, porque permitem andar em silêncio,
em baixa velocidade, em contacto com o vento,
percebendo a magia e preservando a paz da natureza.

A arte de viver com sabedoria inclui a necessidade de manter
o corpo físico saudável e acostumado ao movimento.

Isso estimula-nos a tomar duas providências:

A primeira é incorporar um pouco de trabalho físico
à nossa rotina diária.

A segunda é adotar o hábito de meditar caminhando.

Passear e contemplar a unidade da vida são duas atividades
que podem ser feitas ao mesmo tempo.

Quando caminhamos pela natureza com o espírito livre
de preocupações, o nosso sistema nervoso relaxa,
o sangue circula com mais força e vitalidade,
o cérebro e o coração têm a sua vida renovada.

Em todo o organismo, a vitalidade flui melhor.

Enquanto isso, podemos contemplar o processo da vida
ao nosso redor e perceber mais claramente a nossa identidade
profunda com os outros seres.

Outra questão é saber o que o caminhante carrega consigo durante o passeio.

Afinal, cada espírito humano possui uma espécie de bagagem.
Ali vão inúmeras lembranças, idéias, crenças,
projetos e alguns princípios éticos.

Nem sempre carregamos bagagens agradáveis no nosso espírito.
Há também feridas e cicatrizes da alma guardadas ali.

Uma coisa é certa, porém: o bom passeador não
aceita angústias e ansiedades como parte da sua bagagem.

Enquanto pedala ou caminha, ele esquece as atividades
de curto prazo e expande a sua consciência.

As preocupações vão desaparecendo juntamente
com as outras formas de apego emocional.

Esse processo de relaxamento é ajudado pelas reações
bioquímicas que o exercício físico moderado causa
naturalmente no corpo humano.

O espírito do caminhante eleva-se, até que um dia ele passa
a perceber em todas as coisas o princípio universal do
equilíbrio e da harmonia.

É com esse estado de espírito vasto e sereno que devemos caminhar.

Aquele que possui uma mente aberta e um coração puro
sabe escutar melhor o som do vento nas folhas das árvores.

O aprendiz da sabedoria ouve o cântico dos pássaros
e aprecia o nascer do sol sem pressa ou apego.

Com a mesma tranqüilidade que tem ao observar o vôo de um pássaro
no céu, ele vê as ondas de pensamentos e sentimentos no espaço
interior da sua própria consciência.

Na verdade, não há uma separação entre o mundo interno
e o mundo externo.

De um lado, as nossas emoções são influenciadas pelo que
está fora de nós.

E, de outro, sempre julgamos o mundo externo
a partir daquilo que carregamos na nossa própria mente
e no nosso coração.

Há milhares de anos, diferentes tradições religiosas usam longas
peregrinações por terras desconhecidas como meio e método para a
libertação dos apegos interiores.

É preciso abrir mão tanto dos objetos externos como dos
conteúdos internos, para conhecer a liberdade espiritual.

O Budismo, o Hinduísmo e o Cristianismo têm disciplinas espirituais
que incluem o abandono da vida “normal” –
feita de hábitos e compromissos – para viajar pelo mundo
durante um período indefinido de tempo.

As caminhadas curtas também são parte daquilo que, não por acaso,
passou a ser chamado de “Caminho interior”.

O ato de caminhar era um item básico da vida quotidiana
e da disciplina espiritual nas escolas de filosofia
do mundo antigo.

Para o homem moderno, os passeios a pé,
de trinta ou quarenta minutos diários, são exercícios eficientes
de meditação e higiene mental.

Alguns alegam que não têm tempo para isso.
O argumento é compreensível.

O hábito de caminhar exige que se abra mão da rigidez
e da imobilidade.

É necessário renunciar à rotina da pressa emocional
para olhar o mundo de outros pontos de vista,
enquanto mantemos o corpo em movimento e
observamos o fluxo dos nossos sentimentos e pensamentos.

São João da Cruz escreveu:

A alma que está apegada a alguma coisa, por mais bem que
nela haja, não pode chegar à liberdade da união divina.
Porque não tem importância se é uma corda grossa e forte
ou um fino e delicado fio que prende o pássaro; até que o grilhão
se rompa, o pássaro não pode voar.”

A prática do desapego está de tal forma associada à arte
de passear que, para o escritor chinês Lin Yutang:

o verdadeiro viajante é sempre um vagabundo, com as alegrias,
as tentações e o sentido de aventura que tem o vagabundo.
Viajar é andar à toa, ou não é viajar”.
Segundo Yutang,
a essência da viagem é não ter deveres nem horas marcadas.

É recomendável esquecer os assuntos pessoais.
Lin Yutang acrescenta:

O bom viajante é o que não sabe aonde vai, e o viajante perfeito
é o que não sabe de onde vem. Nem sabe o seu nome e sobrenome.
(…) É provável que esse viajante não tenha um único amigo em t
erra estranha mas, como disse uma monja chinesa,
‘não estimar a ninguém em particular é estimar a humanidade
em geral’. Não ter um amigo particular é ter a todos por amigos.
Esse viajante, que ama a humanidade em geral,
mistura-se com ela e vagueia, observando o encanto das gentes
e dos seus costumes”

Defensor da espontaneidade, autor de obras marcadas pelo
espírito taoísta, Yutang afirma que o equipamento
mais necessário para quem passeia

é um talento especial no peito e uma visão especial
debaixo das sobrancelhas”.

Ele prossegue:

O que interessa é saber se o viajante tem coração para sentir,
e olhos para ver. Se os não tem, as suas excursões à montanha
são pura perda de tempo e de dinheiro; em compensação,
se os tem, poderá conseguir a maior alegria das viagens
sem ir sequer às montanhas, mas permanecendo em sua casa
e olhando os arredores, e percorrendo os campos para contemplar
uma nuvem fugitiva, ou um cachorro, ou uma cerca,
ou uma árvore solitária”

Em meio à natureza, o caminhante renova a sua vitalidade
física enquanto medita.
Se meditar é expandir a consciência em direção ao que é imenso,
sagrado e muito maior que ela própria, então é possível haver
meditações inconscientes e involuntárias.
E é isso que ocorre quando caminhamos.

O convívio com plantas e animais ensina-nos que a i
nteligência universal está por toda parte.
Há uma inteligência nas orquídeas.

Os pássaros têm a sua linguagem. O vento sugere coisas.
As árvores são seres evoluídos.

Para o escritor Maurice Maeterlinck, cada planta que encontramos
pelo caminho é um ser dotado de inteligência:

Não é somente na semente ou na flor, mas em toda a planta,
caule, folhas e raízes, que se descobrem, se quisermos
inclinar-nos por um instante sobre o seu humilde trabalho,
numerosos sinais de uma inteligência perspicaz.
Lembremo-nos dos magníficos esforços em direção à luz feitos
por galhos contrariados, ou a luta criativa e
valente das árvores em perigo.

E Maeterlinck narra o drama de uma grande árvore situada à
beira de um precipício, cuja pedra de apoio caíra, mas que
se sustentava miraculosamente lançando novas raízes ao solo
para evitar o pior.

Espetáculos como esse são relativamente comuns
nas margens dos rios atacados de erosão

Depois de discutir a questão da inteligência dos vegetais
e dos insectos, Maeterlinck aborda em poucas palavras
um tema central da filosofia esotérica:

Mas que pouca importância tem, no fundo,
a questão da inteligência pessoal das flores,
dos insectos ou dos pássaros!
Que se diga, a propósito da orquídea como da abelha,
que é a Natureza, e não a planta ou a mosca, que calcula,
combina, adorna, inventa e raciocina.
Que interesse pode ter para nós essa distinção?

Na verdade – acrescenta Maeterlinck –
também os conhecimentos humanos fazem parte da natureza
As nossas pequenas inteligências pessoais são parcelas
de um conjunto maior:
“Todos os nossos motivos arquitectónicos e musicais,
todas as nossas harmonias de cor e de luz, etc.,
são tomadas directamente da Natureza”.

Sabendo disso, o bom passeador caminha ou
pedala em harmonia
com o cosmo, tanto na avenida de uma grande cidade
como à beira-mar ou na trilha de um bosque.

Ele percebe a unidade da vida e reconhece-se como um pequeno
ser participante da grande inteligência universal.

Por esse motivo, o caminhante sente que nada tem a temer
do passado, do presente ou do futuro.

Ele vê que, no fundo, a paz comanda a vida –
não só aqui e agora,
mas também em todas as partes, e sempre.