terça-feira, 29 de maio de 2007

Palavra... O Canto Divino na Arcádia








As Musas







O Canto Divino na Arcádia



Memória e Rapsódia
A atividade poética
da Idade de Ouro grega, conhecida como Arcádia, se desenvolveu


dentro de uma cultura
pré-letrada e condicionada por um simbolismo de cunho mitológico.





A Poesia Árcade


nos remete à noção do fantástico, do sublime e do divino

em sua forma mais pura.


O Poeta Arcaico se
revestia de um Poder,


que lhe era conferido
diretamente pelos Deuses.



Um Poder que era
inquestionável e intransferível.




A linhagem e a
sucessão de um Rapsodo se verificava através da Arete,


a escolha do mais nobre.




Fílon de Alexandria conta:




... Canta-se em um antigo relato,
imaginado pelos sábios, e transmitido de memória,


como tantos outros, de geração em
geração.



...Quando o Criador concluiu o Mundo,


perguntou a um dos
Profetas,


se havia algo
dentre todas as coisas que haviam sido criadas sobre a Terra,


que ele queria que deixasse de existir.


A resposta foi que tudo era absolutamente
perfeito e completo,


mas que faltava somente
uma,


a Palavra.





O Pai de Tudo escutou esse
discurso,
e aprovando-o,


criou imediatamente a linhagem das Cantoras Plenas de Harmonias,


nascidas de uma das Potências que o
rodeavam,


a Virgem Memória,


que o vulgar,


chama


Mmnemosýne.


A Palavra do Poeta
Arcaico,


tal como se desenvolve na atividade poética,


é solidária a duas
noções complementares:


A Musa e a Memória.


Essas duas Potências Religiosas definem a
Alétheia poética


e sua significação real e
profunda.






Numerosos testemunhos da época clássica
permitem-nos pensar que Mousa significa


a Palavra cantada, a Palavra
ritmada.


Há entre as Musas e a


"Palavra cantada”
uma estreita solidariedade,


que se afirma nos nomes que possuem as
filhas da Memória.



Clio, que conota a glória
das grandes façanhas que o Poeta transmite às gerações futuras;





Thalia à festa, a
condição social da criação poética;



Melpômene e Terpsícore despertam as imagens de música e dança;



Polimnía e Kalíope, a voz potente que dá vida aos poemas.





As Musas eram veneradas em conjunto de
três,muito antes de Hesíodo,


em um santuário muito antigo, situado no
Hélicon,


Eram denominadas


Mélete, Mnéme


e
Aoide.



Cada uma designa um aspecto essencial da
função poética:



Mélete designa a
disciplina indispensável ao aprendizado do ofício de Rhapsodo, ou Aedo.


É a atenção, a concentração,


o exercício
mental.



Mnéme é a função
psicológica que permite a recitação e a improvisação.




Aoide é o produto, o
canto épico.



As Musas recobrem os aspectos da função
poética:


função da organização, função conservadora
e função criadora.






A palavra cantada é inseparável da
Memória,


e na Tradição Hesiódica,
as Musas são filhas de Mnemosýne,


e são elas que fazem o Poeta


“lembrar-se”.



O Estatuto Religioso da Memória,


seu Culto
e sua importância no Pensamento Poético


podem ser compreendidos, ao se considerar
o fato de que, do séc. XII ao séc. IX,


a civilização grega fundava-se sobre
Tradições Orais.





Uma civilização oral exige um
desenvolvimento espetacular da memória


e de técnicas muito precisas.



A Poesia Oral da qual vieram a


Ilíada e a Odisséia,


só podem ser compreendida associando-se a
uma verdadeira mnemotécnica.




Sob a inspiração poética suspeita-se um
lento adestramento


da memória.



Mas a memória do Poeta não é uma função
psicológica orientada como a nossa,


é uma Memória Divinizada,


que não visa reconstruir o passado segundo
uma perspectiva temporal.





A Memória Sacralizada é privilégio de uma
Confraria organizada,


diferenciada do mero poder de recordar,
que possuem todos os indivíduos.





A Memória, é Saber Mântico que se define
pela fórmula:


“o que é, o que será, o que foi.”



O Poeta tem acesso direto, mediante uma
visão pessoal,


aos acontecimentos que evoca;


sua memória permite-lhe


‘decifrar o invisível’,


entrar em contato com o Outro Mundo.





A Memória não é somente o suporte material
da Palavra cantada,


a função psicológica que sustenta a
técnica formular;


é também, e sobretudo, a


Potência Religiosa


que confere ao Verbo Poético seu estatuto
de palavra Mágico-Religiosa.





A Palavra cantada, pronunciada por um
Poeta dotado de um dom de vidência,


é uma Palavra eficaz;


ela institui por virtude própria,


um Mundo Simbólico-Religioso que é o
Próprio Real.





As Musas reivindicam, o privilégio de
“dizer a verdade”.




De fato as musas são aquelas que dizem


‘o que é, o que será, o que foi’;


são as palavras da


Memória.


Pela Potência da Palavra, o Poeta faz de
um simples mortal “o igual de um Rei”,


confere-lhe o Ser, a Realidade,


pois detém o Poder de conceder ou


negar a
‘Memória’.



Isto não significa uma privação da
faculdade de reconstruir seu passado temporal,


mas significa não possuir o Bem Memorial,


privilégio quase sempre concedido aos
vivos.



Ao Mestre do Louvor, cabe a decisão de
condenar ou não
um homem,


a ser oculto sob o Véu da Obscuridade,


fazendo-o fracassar no Silêncio e no
Esquecimento,


ou permitindo que o seu nome brilhe na Luz
Resplandecente.




O campo da Palavra Poética se equilibra
pela tensão de Potências Binárias:


Alétheia = positiva x Léthe=negativa


Quando um poeta pronuncia uma Palavra de
elogio,


ele o faz por Alétheia,e em seu nome,


ele é um


“Mestre da Verdade”.


Sua “Verdade” é sempre assertórica:
ninguém a contesta, ninguém a contradiz.



Diferente de nossa concepção tradicional,


Alétheia não é a
concordância da preposição e de seu objeto,


nem a concordância de um juízo com outros
juízos;


ela não se opõe à ‘mentira’ e não há o
‘verdadeiro’ frente ao ‘falso’.


A única oposição significativa à de Alétheia é o de Léthe.





É surpreendente o contraste que se
estabelece entre o caráter


Todo-Poderoso do Poeta


na Sociedade Grega, desde a época Micênica
até o fim da época Arcaica,


e sua posição na Democracia Clássica.





Na época Arcaica, mesmo após o declínio de
sua função litúrgica,


o Poeta continua a representar para a
aristocracia um personagem todo-poderoso:


é ele sozinho quem concede ou nega o Poder
Memorial que dá a vida.


Em sua palavra os homens se
reconhecem.



Entre os Oráculos, nos quais se praticavam
a adivinhação pelo sono,


o mais célebre é o de


Trofônios em Lebadia.



À entrada do Oráculo estavam as duas
fontes:



Léthe e Mnemosýne,


as duas Potências Religiosas,


que dominam o sistema de pensamento dos
Poetas Inspirados.





A água da primeira fonte permite esquecer
toda a vida humana,




e a segunda deve permitir conservar em
memória tudo aquilo que viu


e ouviu no outro mundo.



Alétheia é também o nome
de uma das nutrizes do grande


Deus Oracular,


Apolo.






No pensamento Arcaico, três domínios se
distinguem:


Poesia, Mântica e
Justiça
,


que correspondem à três funções sociais,


nas quais a palavra desempenhou um papel
importante,


antes que se tornasse uma realidade
autônoma,


antes de ser elaborada pela Filosofia e
pela Sofística, uma problemática da linguagem.




Poetas, Adivinhos e Reis de Justiça tem em
comum o mesmo dom da Vidência,
dispõe do mesmo Poder e recorrem às
mesmas técnicas.




Revelam-se como Mestres da Palavra,


de uma palavra que se define através de
uma mesma concepção da Alétheia.





Num sistema de pensamento em que a
“Verdade” não é um conceito,


Não seria possível dissocia-la do louvor, do relato litúrgico e das funções de soberania,


da qual sempre se constituiu um aspecto,
uma dimensão.




A palavra não constitui um plano do real
distinto dos outros,


definido por qualidades específicas,


mas enquadra-se em um conjunto de
conduta,


para a qual convergem os valores
simbólicos.





A todo momento a linguagem verbal se entrelaça com a linguagem gesticular,


é a atitude do corpo que confere
sua Potência à Palavra.



Uma vez articulada, a Palavra torna-se uma Potência, uma Força, uma Ação.





Se no Mundo Divino, uma decisão é jamais
tomada em vão



e nenhuma Palavra é gratuita,


no Mundo Poético ela tem a mesma eficácia.






Toda a Palavra é fundante,


possui em seu âmago o poder latente de
‘'realizar-se".


Nomear é tornar real, proferir é
fazer viver
.






A Palavra é verdadeiramente concebida como
realidade natural,


uma parte da Phýsis.


Associada às Erínias e as
Chárites


a Palavra está sempre submetida às leis da Phýsis,


à fecundidade e


à esterilidade dos seres vivos.





A Palavra do Advinho e das Potências
Oraculares,


tanto quanto o Verbo Poético delimita um
plano de realidade:


quando Apolo profetiza, ele
“realiza”.


É o domínio do irrevogável e do
imediato
. . .





A Palavra Oracular não é o reflexo
de um acontecimento pré-formado,


mas um dos elementos de sua
realização.





Por assumir uma posição de intérprete da
realidade e guardião da Sabedoria divina,


o Bardo da Tradição Oral


era o personagem mais próximo dos Deuses e sua expressão máxima.





O Som é a cola sensual que une o Natural
ao Sobrenatural.


A Voz do Universo é Som e Ato Criativo.





Todo o ciclo humano deve ser representado
num ciclo interminável de estórias e rituais,


que funcionam como modelos metafóricos da
realidade.



Ritualizar é mantralizar, exprimir
verbalmente o porquê é assim,


e se a narrativa for alterada em quaisquer
detalhes,


a imagem do Universo poderá sofrer um
colapso e a sociedade sentenciada.



Isto explica porque nas culturas de
Tradição oral


o Poeta era o membro mais importante da
comunidade.



Na Irlanda pré-cristã , o Poeta usufruía de condição social próxima ao rei,


com a diferença que reis podiam ser
mortos,


mas a morte de um Poeta era considerada o
pior dos sacrilégios.





Um Poeta talentoso possuia a fama de
arruinar colheitas


e até matar com uma única palavra.




Para atingir tal habilidade sem contar com
sistemas de escrita,


se requeria o desenvolvimento de
habilidades mnemônicas prodigiosas


através de aprendizagem rigorosa.





A crença de que o Poeta conhecia a
etimologia das palavras


e consequentemente seu Poder,


tem eco igualmente na tradição
judaico-cristã,


de que o Universo foi formado e sustentado
por Coros Angelicais,


a Harmonia Universal.



A Palavra Mágico-Religiosa escapa à
temporalidade


essencialmente porque forma um todo com as Forças


que estão para além das forças humanas,


Forças que se apoiam unicamente sobre si
mesmas.





Em nenhum momento a Palavra do Poeta


busca a
concordância dos ouvintes ou o assentimento social.



Na medida em que a Palavra
Mágico-religiosa transcende o tempo dos homens,


ela transcende também os homens:


não é a manifestação de uma vontade ou de
um pensamento individual,


nem a expressão de um agente, de um eu.



A Verdade institui-se então, no
desdobramento da Palavra Mágico-Religiosa,


apoiada na Memória e articulada ao
Esquecimento.






Mas a configuração de Alétheia,


traçada pela oposição fundamental entre
Memória e Esquecimento,


compromete outras Potências que contribuem
para defini-la:


Díke, Pístis e Peithó.



A Justiça é uma modalidade da Palavra Mágica, pois a Díke “realiza”.


No mundo poético Díke não é menos indispensável, pois um elogio se faz com justiça,


quando o Poeta canta um louvor, está
seguindo a via da Justiça.





No Sistema de Pensamento Religioso em que
triunfa a Palavra eficaz,


não há nenhuma distância entre Verdade e
Justiça,


e estão em conformidade com a Ordem Cósmica,


constituindo o instrumento de que ela
necessita.





Pístis revela uma nova dimensão,


é a confiança que vai do homem a um Deus,
ou à palavra de um Deus;


é a confiança nas Musas, fé no Oráculo, e
está intimamente ligada ao juramento.



É paralela à Fides dos
romanos,


correspondendo à noção indo-européia de
credo.





Peithó também é um
aspecto necessário da Alétheia,


e simboliza o Poder de
sedução
.



Por ter ridicularizado a Pístis,
Cassandra
foi privada do poder de persuadir.




É uma deficiência tão grave, que ainda que
sua palavra seja eficaz,


Cassandra parece pronunciar somente
palavras vãs.




Privada de Peithó,


ela está ao mesmo tempo privada de Pístis.



No pensamento mítico Peithó é uma divindade suprema,


tanto em relação aos deuses


quanto aos homens;


tem o poder de fascinar, o sortilégio das
palavras de mel.





Sob a máscara de Thelxinoé ela é uma das Musas,


e sob a de Telxiepeia,
uma das Sereias.



Mas como estas últimas, ela é
fundamentalmente ambivalente: benéfica e maléfica.



A malvada Peithó é inseparável das
“palavras carinhosas”


que são instrumentos de engano, as
armadilhas de Apáte,


e relaciona-se com as potências negativas
que são da mesma espécie de Léthe.


É associada junto a Pothos e
Hímeros
,


a Deusa de sutis
pensamentos,


Afrodite.





Simônides de Ceos,
nascido em 557-556 antes da nossa Era,


marca uma mudança na Tradição
Poética
,


pois foi o primeiro a fazer da Poesia um ofício e receber benefícios por ela.



Ao mesmo tempo situa a função poética a
partir de um novo ângulo:


o esforço de reflexão sobre a natureza da
Poesia.



É a Simônides que a Antigüidade atribui a
famosa definição:


“A pintura é uma Poesia silenciosa e a
Poesia é uma pintura que fala”.



Simônides marcaria o momento em que o
homem grego descobre a imagem.




Ele seria o primeiro testemunho da teoria
da imagem,


ou Mimesis (SETTI, 1958: 78).



A reflexão sobre a Poesia, sua função e
seu objeto próprio,


consuma a ruptura com a Tradição doPoeta
Inspirado,


que diz a Alétheia tão naturalmente quanto
respira.



Toda uma Tradição atribui-lhe a invenção
da Mnemotécnica,


o que significa no plano poético a
colocação em prática de procedimentos de memorização.



Até Simônides, a Memória era um
instrumento fundamental para o Poeta:


função de caráter religioso que lhe
permitia conhecer o passado, o presente e o futuro.



Através de uma visão imediata, através da
Memória,



o Poeta entrava no além,


atingia o invisível.



Com Simônides a Memória torna-se uma
técnica secularizada,


uma faculdade psicológica que cada um exerce mais ou menos segundo regras definidas,


ao alcance de todos.



Não é mais uma forma de conhecimento
privilegiada,


nem como a Memória dos Pitagóricos, um
exercício de salvação;


é o instrumento que contribui para o
aprendizado de um ofício.





No lugar da Mítica
Alétheia,
Simônides reivindica a Doxa.




E retomando as palavras de Platão,


a Retórica é
“uma prática que exige uma alma dotada de penetração e audácia,


e naturalmente, apta para o trato com os
homens”




Exige portanto, qualidades intelectuais
pois desenvolve-se no meio dos assuntos humanos,


onde nada é estável,


mas movediço, duplo e ambíguo.



Produtos de uma mesma cultura política,


a Sofística e a Retórica
desenvolvem técnicas mentais solidárias.



O Sofista aparece como o
teórico que torna lógico o ambíguo,


e que faz desta Lógica o
instrumento próprio para fascinar o adversário,


e seu objetivo, bem como o da Retórica é a Persuasão (Peithó).





O Lógos do Sofista e do
Retórico
fascina, persuade, encanta,


mas não visa nunca, neste plano, dizer a Alétheia.




Aqui também, a antiga relação da Alétheia com a Memória,


como Função Religiosa está definitivamente
rompida.





Por volta do final do século VI a Grécia
vê nascer, em meios particularizados,


um tipo de Pensamento Mágico que é
diametralmente oposto ao dos Sofistas.



Dentre os valores que neste plano de
pensamento continuam a representar, através das renovações de significação o
mesmo papel importante que tinham no pensamento anterior, é preciso pôr em
evidência a Memória e a Alétheia.





Na concepção dicotômica das Seitas
filosófico-religiosas
,


a vida terrestre está gangrenada pelo
tempo,


sinônimo de morte e esquecimento:


o homem está jogado no Mundo de
Léthe
, errante na Campina de Áte.


Para Transcender o tempo humano e se
Purificar do Esquecimento


as Seitas elaboram uma técnica de
salvação,


que constitui uma regra de vida.


Introduzem técnicas Psico-Fisiológicas,


que ao termo da Ascese, apresentar-se-á
diante dos Guardiães da Fonte Memória,


onde beberá a água que irá purifica-lo de
todo traço de temporalidade


e consagrará definitivamente seu estatuto
divino.





Platão assimila parte
desta ‘Lei de Adrastéa’:


..." toda alma que segue a de um Deus,
contempla algumas verdades,


mas quando já não pode seguir, se enche de
vício e esquecimento".





Entretanto, apesar do reconhecimento de
que todas as Criaturas do Mundo Natural


partilham uma Centelha Divina


e aspiram sempre à Visão do Belo, do Bom e
do Justo,


inexiste em Platão a continuidade da Tradição Rapsódica.





Nenhum Poeta jamais cantou


nem cantará o que se eleva acima dos céus
(CAHILL, 1999: 67).



A realidade, sem forma, sem cor,
impalpável,


só pode ser contemplada pela Inteligência,


que é o guia da alma.




E é na Idéia Eterna que reside a Ciência
Perfeita,


aquela que abarca toda a Verdade.



O pensamento de um Deus nutre-se de inteligência e de ciências puras.


O mesmo se dá com todas as almas que procuram receber o alimento que lhes convém.





Por isto uma Lei estabelece que no
primeiro nascimento a Alma


não entra no corpo de um
animal.


Aquela que mais contemplou gerará um
Filósofo, um Esteta


ou um Amante favorito das Musas;



A Alma de segundo grau, irá formar um Rei
legislador,


guerreiro ou dominador;




A do terceiro grau forma um Político,
Economista


ou Financista;




A do quarto grau, um Atleta incansável


ou um Médico;


A do quinto grau, um Adepto de Mistérios;



A do sexto grau, a existência de um Poeta
o
u qualquer outro


produtor de imitações;



A do sétimo grau, formará um Operário ou
Camponês;




A do oitavo grau,


a de um Sofista ou Demagogo;



A do nono grau formará um Tirano (CAHILL,
1999: 71).




O rebaixamento do antigo Poeta Divino à
mero transmissor de cultura


assume em Platão seu ponto mais crítico, e
jamais retomará seu antigo status.





Com o passar dos séculos,


poucos ainda acreditavam que a inspiração
doada pelas Musas fosse algo autêntico,


e a maioria se contentou com imagens
coloridas construídas pelos antigos


para explicar suas Fábulas Mitológicas.




Pelo contrário, os Poetas antigos
acreditavam receber


por meio das Musas,


o segredo com que Zeus ordenava o Universo.



Zeus ensinava a Apolo, este às Musas,


e estas despertavam as Almas delicadas e
insuperáveis dos Poetas.





Estes, cantam aos Deuses porque encarnam
seu Espírito,


são os únicos que podem nomear a
genealogia divina surgida do Caos.



Outra explicação para o privilégio do
Poeta na sociedade Arcaica


é o Mito de Pan:




Pan é o Espírito
Ilimitado da Alma do Mundo
,


que precisa encontrar um limite, uma
medida para manifestar-se,


por isso necessita do homem,


que é limitado.



Mas com a Queda do homem,


o Grande Pan perdeu o
auxiliar imprescindível de sua Arte,



e lhe busca para voltar a expressar-se.





Os verdadeiros artistas e testemunhas do Deus Pan são os grandes Poetas,


pois Pan é filho
de Hermes, o Deus da Palavra.






A Magia é a Criação pelo Verbo,


a Criação dos Poetas,


então,


Pan é o Todo
Corporificado
,


ou seja,


a União do Espírito e do Corpo.




Pan



Mãos e os Frutos
Trazia consigo a graçadas fontes, quando anoitece.Era o corpo
como
um rio
em sereno desafiocom as margens, quando desce.
Andava
como quem
passa,sem ter tempo de parar.ervas nasciam dos
passos,cresciam
troncos dos
braços quando os erguia no ar.





































































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